Eleições 2026?
O Brasil Vai Votar em 2026. O Mercado Imobiliário Já Votou.
Ao tentar prever o futuro do mercado imobiliário de um país, é comum olhar para grandes eventos políticos como principais motores de mudança. A eleição presidencial de 2026, no Brasil, é um exemplo claro: muitos acreditam que será o fator mais relevante para definir valores de imóveis, desenvolvimento urbano e o comportamento do comprador.
Mas análises recentes feitas por líderes do setor mostram um cenário diferente. Um webinar promovido pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e pela Brain Inteligência Estratégica apresentou um diagnóstico mais profundo. As forças que realmente moldarão o mercado de 2026 não estão nas manchetes políticas, e sim em indicadores econômicos básicos e mudanças consistentes no comportamento do consumidor. A seguir, os quatro pontos mais importantes revelados pelo estudo.
1. A taxa de juros é o verdadeiro motor do mercado
Executivos do setor afirmam que sua atenção está voltada para a taxa básica de juros (Selic), e não para a eleição. O mercado já aprendeu a conviver com o ciclo eleitoral, encarando-o como parte natural do calendário e não como um divisor de águas.
Cláudio Carvalho, CEO da A/W Realty, resumiu bem essa visão:
“A eleição é um fato com o qual temos que conviver. Eu não planejo se vou lançar antes ou depois da eleição.”
Com a Selic atual em 15%, o impacto negativo sobre o financiamento imobiliário é evidente, especialmente para compradores de média e alta renda. A expectativa é que o Banco Central inicie um ciclo de cortes no início de 2026, levando a taxa para algo próximo de 12% até dezembro.
O efeito disso pode ser enorme: segundo Renato Lomonaco, Diretor de Assuntos Econômicos da ABRAINC, cada ponto percentual de redução pode trazer quase 180 mil famílias para o mercado.
2. A Geração Z quer comprar — mas seus medos são outros
O levantamento mostrou um interesse surpreendentemente alto entre os jovens brasileiros em adquirir um imóvel: 62% da Geração Z afirmam ter intenção de compra nos próximos dois anos. Mas os motivadores e receios desse grupo não se parecem em nada com os das gerações anteriores.
A pesquisa revelou uma divisão clara:
- Baby Boomers e Geração X: preocupam-se principalmente com violência e segurança.
- Geração Y e Geração Z: temem, acima de tudo, a inflação e o aumento do custo de vida.
Isso demonstra como fatores econômicos imediatos moldam a mentalidade de compra da geração mais nova.
3. O que as pessoas desejam em um imóvel depende diretamente da renda
Itens como piscina, academia e salão de festas seguem relevantes, mas a pesquisa mostrou que os desejos mudam radicalmente conforme a renda familiar. O conceito de “lazer” assume significados diferentes de acordo com a realidade financeira.
Os dados apontam que:
- Famílias com renda de até R$ 5.000 valorizam principalmente o playground.
- Famílias com renda acima de R$ 15.000 priorizam áreas de bem-estar, como piscina e academia.
Enquanto um grupo busca segurança e diversão econômica para as crianças, o outro vê o lazer como parte de um estilo de vida voltado à saúde, conveniência e rotina.
Para incorporadoras, esse contraste reforça a necessidade de ajustar os projetos ao público que desejam atingir.
4. Mais pessoas querem comprar — mesmo acreditando que os preços vão subir
Um ponto curioso da pesquisa é a convivência entre duas percepções: parte da população ainda vê o momento econômico com pessimismo, mas o otimismo para os próximos 12 meses cresce de forma constante, tanto no âmbito pessoal quanto na avaliação sobre o país.
Esse otimismo moderado aparece diretamente na intenção de compra, que segue elevada. A contradição surge quando se observa que quase metade dos entrevistados acredita que os imóveis ficarão mais caros no próximo ano. Mesmo assim, a intenção de compra permanece firme.
Isso indica que o imóvel segue sendo visto como um ativo seguro, capaz de proteger contra a inflação e preservar valor no longo prazo.
Conclusão
Para entender o mercado imobiliário que virá, é preciso olhar além dos eventos políticos e focar nos fundamentos econômicos e nas transformações do comportamento do comprador. O enredo de 2026 é claro: a queda esperada da Selic pode liberar uma nova geração de compradores — hoje freada pelo medo da inflação — para finalmente entrar no mercado.
À medida que essas forças se alinham, surge a pergunta central para 2026: como incorporadoras e compradores vão se adaptar a essa nova realidade, mais técnica, mais econômica e menos dependente do calendário eleitoral?
Para os investidores: 2026 tende a ser um ano guiado pelos juros, e não pela eleição. Com a perspectiva de queda da Selic, a demanda reprimida deve voltar com força, especialmente entre os mais jovens que já demonstram intenção real de compra. Isso significa valorização gradual dos ativos, maior concorrência por imóveis bem localizados e oportunidades mais vantajosas para quem se posicionar antes de o ciclo de cortes se consolidar. Investidor experiente sabe que o mercado se antecipa: quem espera a Selic cair demais pode perder o melhor momento de entrada.